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Sem privilégios

Ao assumir o o cargo de representante da Goldman Sachs, Durão Barroso, ex-Presidente da Comissão Europeia, foi alvo de uma torrente de críticas, oriundas sobretudo de membros e ex-membros das instituições europeias. Agora foi a vez de Juncker, actual Presidente da Comissão Europeia, que, ao invés de se cingir à crítica, passou à acção, afirmando que "ao assumir o emprego, o Sr. Barroso não será tratado como um ex-Presidente, mas como um representante e será submetido às regras de outros representantes. Agora o exercício de humilhação chegou pelas palavras do actual Presidente da Comissão Europeia. Um homem do lobby e nada mais. Sem privilégios.
Não estou certa que estas e outras palavras façam mossa em Durão Barroso que, à semelhança de outros que conspurcam a política, estão apenas e só concentrados na salvaguarda dos seus interesses e dos interesses daqueles que os contratam.
A política, outrora, e ainda hoje em alguns casos, subjuga-se à ética - palavra vazia de sentido para pessoas como Durão Barroso que, paralelamente, ganharam uma espécie de imunidade a todo e qualquer exercício de humilhação. Para todos os efeitos práticos, pessoas como Barroso, não têm aquilo que comummente se designa por vergonha. Afinal de contas as vantagens do poder são invariavelmente superiores a tudo o resto.

Barroso ficará na história como a pior espécie de político, mas, seguramente, estará bem acompanhado.

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