Acontece
frequentemente a quem perde o norte - acabar o seu caminho na
sarjeta. Só assim se explica qualquer associação a um livro que
pretende vender histórias íntimas de políticos, mesmo daqueles que
faleceram.
Já
ouvimos falar de jornalismo de sarjeta e sabemos que existem livros
que se enquadram igualmente nessa categoria. Sabemos também que
existe quem faça do desrespeito pelo outro e, amiúde pelo próprio,
uma forma de ganhar notoriedade. Porém quando vemos um político
terminar o seu caminho na sarjeta - um político que em tempos pediu
contenção e respeito à comunicação social precisamente para
salvaguardar a sua vida privada - torna-se difícil esconder o
incómodo.
Passos
Coelho, antigo primeiro-ministro e alguém que visivelmente não está
confortável no lugar de líder do maior partido da oposição, é,
indiscutivelmente, livre de fazer o que entender. No entanto, ao
associar-se ao livro de António José Saraiva que vive do
desrespeito pela intimidade do outro, alinha pela mesma cartilha.
Passos Coelho afirma que desconhecia o conteúdo do livro, mas que
ainda assim, agora que sabe do que se trata, não é homem de voltar
para trás. Nada de novo, aliás, tratando-se de Passos Coelho - o
homem que perante o erro, insiste no mesmo, até à exaustão. Ora,
se não sabia de que se tratava, como é que se comprometeu com a
apresentação do livro? E mais grave: depois de perceber que se
trata de lixo, do pior género de lixo, criado por aqueles que
chafurdam na vida pessoal dos vivos e dos mortos, ainda assim insiste
em se associar ao mesmo? Sem palavras.
Em
suma, Passos Coelho escolheu a sarjeta para terminar a sua malfadada
carreira política.
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