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Sanção zero. E agora?

Preocupados com a aplicação de castigos a países mais ou menos periféricos e apesar da Europa se confrontar com problemas de dimensão incomensurável, comparativamente, os líderes das instituições europeias ameaçaram e ameaçaram e voltaram a ameaçar Portugal e Espanha. Mas afinal não há multa. E não deverá existir cortes nos fundos estruturais, pelo menos por uma questão de coerência.
Já no passado recente assistimos a exercícios de perfeita humilhação da Grécia - transformada num problema de grandes dimensões -, ao mesmo tempo que se minimizava as verdadeiras ameaças à estabilidade da Europa. Depois do Brexit, algo pode ter mudado. Repito: pode.
No caso das sanções aplicadas a Portugal, escusado será argumentar o que quer que seja. O caso era simplesmente ridículo, para além de injusto. Por mais de cem vezes não se cumpriram as regras, sem que com isso recaíssem sobre os "incumpridores" qualquer punição. 

Esta é sobretudo uma má notícia para Passos Coelho: primeiro por ter acusado o actual Governo de seguir o caminho errado, justificando assim as sanções, pelos vistos é precisamente o contrário. Depois porque no seu íntimo Coelho tinha esperança de que as sanções fossem o prelúdio da hecatombe provocada pela Europa que redundaria na convocação de eleições antecipadas e no seu regresso. E, finalmente, por ficar ainda mais isolado, nem os amigos europeus lhe estendem a mão. E agora? Talvez ir beber um copo com Dombrovskis e com Dijsselbloem para afogarem as mágoas.

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