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Pedro e o Diabo – uma pequena história

 Pedro estava disposto a vender a alma ao Diabo, ou melhor, o Pedro pretendia trocá-la por um regresso ao poder, afinal de contas, até há bem pouco tempo, o Pedro fora um homem poderoso. Porém, a vida dá muitas voltas e o Pedro ficou órfão de poder, mostrando-se, por isso, disposto a tudo para recuperá-lo, incluindo vender a alma ao Diabo.
O Diabo, esse, sabe muito e sabe muito porque é velho, não viu mais na proposta de Pedro do que um mau negócio. Desde logo, a alma de Pedro tinha pouco ou nenhum valor e nem tão-pouco o inferno estava disposto a albergar mais almas medíocres. Dizia-se por ali que deixara de haver mercado, logo não havia interesse.
O Diabo entendeu por bem responder aos apelos de Pedro:
- Nem o Diabo te quer; não interessas nem ao Diabo. Não és nenhum Fausto, Pedro. Nem tão-pouco anda por aí um Mefistófeles interessado em ti.
Pedro, confuso, respondia: Um quê?
O Diabo, deitando as mãos aos cornos, dizia: Esquece, Pedro. Esquece. A felicidade absoluta não chegará, nem a tua alma despertou sequer curiosidade. Mas mesmo que esse interesse existisse, não creio que todo um povo cometa novamente o erro de te escolher, os meus poderes de influência também têm os seus limites. Por conseguinte, o que me pedes, mesmo que eu anuísse, não to posso oferecer.
Acabrunhado, o Pedro voltou a questionar o Diabo: O que fazer então?
- Sou o Diabo, mas não tenho respostas para tudo. Não sei. Já pensaste em experimentar filatelia?
Pedro mostrou-se novamente confuso: Fila…? Telia?
O Diabo, novamente deitando as mãos ao par de cornos, respirou fundo e calmamente respondeu: Tenta qualquer coisa. Olha dedica-te à pesca pode ser que o peixe… mas agora desampara-me a loja e quando estiveres com o teu bom amigo Aníbal diz-lhe que por aqui também não há grande interesse nele.

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