Sem
a mítica garrafa de coca-cola que caíra misteriosamente dos céus e
que dá o mote ao filme "Os Deuses devem estar loucos", os
ingleses mostram que a incredulidade nunca se esgota, nem quando nos
parece que já vimos um pouco de tudo.
Existiram
duas figuras no Reino Unido que lutaram pela vitória do Brexit:
Nigel Farage do partido nacionalista UKIP e Boris Johnson do partido
Conservador, ambos fizeram de tudo - menos delinear uma estratégia
para o caso do Brexit ganhar - para que o Reino Unido deixasse
definitivamente a União Europeia. E agora que esse objectivo
se concretizou, ambos afastam-se: um, Boris Johnson, desistindo de se
candidatar à liderança do partido conservador; o outro, Farage,
deixando a liderança do UKIP. Assim, torna-se difícil acreditar que
existe um clima de normalidade na política britânica. Pelo
contrário, e a julgar pelos últimos acontecimentos, a cobardia e a
irresponsabilidade vão fazendo escola no Reino Unido. Farage, por
exemplo, alega querer voltar a ter vida própria - razão pela qual
escolheu a demissão e que, desta feita, é mesmo uma demissão,
irrevogável, talvez.
Tudo
se tornara pouco promissor no dia subsequente à vitória do Brexit e
todo se torna ainda menos promissor quando os protagonistas da saída
também eles saem de cena, deixando para o Reino Unido o difícil
processo de saída. Há muito tempo que não se via tamanha
irresponsabilidade. O aspecto positivo é que com estas situações
ficará a ideia de que nacionalistas como Farage e populistas como
Johnson não serão propriamente de confiança e que isto sirva de
exemplo para quem vê futuro nas Le Pens da Europa.
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