O
golpe de Estado na Turquia redundou num falhanço, num fortalecimento
do Presidente Erdogan e num claro enfraquecimento da democracia. De
resto, é precisamente a democracia a maior derrotada do golpe de
Estado falhado.
A
democracia, diga-se em abono da verdade, já saíra enfraquecida com
a governação (mesmo enquanto Presidente) de Erdogan: condicionantes
às várias formas de liberdade, incluindo à liberdade de impressa e
de expressão; afastamento ou saneamento de hipotéticos opositores;
enfraquecimento das instituições judiciárias a par de uma
tentativa, que se concretizará, de transformar o regime parlamentar
num regime presidencialista de forma a que Erdogan se possa perpetuar
no poder.
Todos
concordamos com a importância estratégica da Turquia, o que
permitirá explicar, até certo ponto, a tolerância dos líderes
mundiais face a um líder mais próximo da islamização da sociedade
turca do que do laicismo e secularismo - herança de Ataturk. Contudo
essa tolerância tem-se transformado em complacência e no despejar
de dinheiro para que a Turquia fique com os problemas dos refugiados.
Agora
que Erdogan vê os seus poderes reforçados; agora que a democracia
sai enfraquecida; agora que o secularismo parece próximo da
extinção, como será a postura das lideranças mundiais, sobretudo
das europeias? Mais do mesmo, seguramente.
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