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E se o Brexit significar um reforço da Alemanha?

O jornal alemão Handelsblatt revela um documento interno do ministério das Finanças alemão, alegadamente secreto. Nesse documento fica clara a intenção da Alemanha conceber uma "Nova Unuão Europeia" com um aprofundamento da austeridade, do controlo sobre orçamentos nacionais e com o fim do resta da solidariedade entre Estados-membros, designadamente com os Estados endividados.
Segundo o mesmo documento, a opinião pública do norte da Europa não compreenderia nem aceitaria mais solidariedade com os Estados do sul da Europa.
A saída do Reino Unido e o constante enfraquecimento da França, pode conceder mais espaço de manobra a uma Alemanha que já domina a tomada de decisão na Europa, por muito que nos tentem convencer que instituições como a Comissão Europeia e o Parlamento são efectivamente órgãos com peso na Europa. 
De resto, o facto do Reino Unido se ter vindo a colocar, voluntariamente, à parte da UE e o sucessivo desvanecimento da importância francesa, sobretudo com Sarkozy e agora com Hollande, já tinha permitido que a Alemanha conquistasse, sem grande dificuldade, a hegemonia europeia. De resto, a expressão eixo franco-alemão há anos que deixou de fazer sentido.

Agora esse domínio alemão pode de facto consolidar-se e com o mesmo virá, indubitavelmente, mais inflexibilidade, maiores restrições orçamentais, mais neoliberalismo para os países do Sul, quando internamente se pratica o ordoliberalismo. Com a consolidação da posição alemã de hegemonia, o projecto europeu terá menos hipóteses de sobreviver.

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