Passos
Coelho - sim, ainda, incrivelmente, Passos Coelho - teve direito a
grande destaque mediático, tudo a propósito de sanções que
ninguém sabe se serão, de facto, aplicadas. Depois de, no dia
anterior, a ex-ministra das Finanças ter garantido aos portugueses
que não haveria lugar a sanções se fosse ela a ministra das
Finanças. Concertadamente, Passos Coelho, no alto da sua eloquência,
proferiu a seguinte frase lapidar: "O Governo virou a página da
credibilidade e atirou a confiança pela janela".
É
claro que a ironia de tudo isto deve escapar ao anterior
primeiro-ministro e ex-ministra das Finanças, até porque a
mediocridade é o que é, dá para o que dá: as eventuais sanções
referem-se a um período em que ambos estavam em funções. Isto
apesar dos jornais avançarem que as hipotéticas sanções serão
justificadas com o que poderá vir a acontecer e não exactamente com
o aconteceu. Confuso? Patético? Inacreditável? Sim a tudo, porque
no actual contexto, tudo é mesmo possível, incluindo castigar um
Governo por aquilo que ainda nem se concretizou.
Seja
como for, Passos acusa o Executivo de António Costa de atirar a
confiança pela janela. Logo ele que atirou pela janela o emprego, os
jovens, os pensionistas, os funcionários públicos, e tantos outros
portugueses. Precisamente ele que atirou pela janela o futuro do
país, sem hesitações, nem remorsos. Ele, Passos Coelho, que nunca
cumpriu as metas impostas, que fingiu uma saída limpa que afinal
estava toda ela conspurcada pela situação do sistema financeiro,
diz agora que a confiança foi pela janela. Haverá melhor exemplo de
ausência de noção de ridículo?
Comentários