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Aplicação de sanções

A Alemanha parece querer liderar um grupo de países que defende a aplicação draconiana das regras comunitárias, sobretudo no que diz respeito ao cumprimento das metas do défice. Juntamente com Holanda e Finlândia, a Alemanha defende que não deve existir qualquer excepção, contrariamente a países como a França e a Itália que defendem precisamente o contrário. A Comissão manifesta o seu acordo com a Alemanha.
"As regras são para cumprir" parecem ser as palavras que soam bem às opiniões públicas dos países acima referidos, a começar precisamente pela Alemanha. Paralelamente, existe uma certa tendência para se misturar o que não tem qualquer relação: crise dos refugiados com metas de défice. Sinais de uma Europa claramente à deriva.
É também claro que os problemas do Deutsche Bank, postos a nu pelo FMI que considera que os mesmos constituem o maior risco à estabilidade mundial, não podem ser dissociados da inflexibilidade alemã. Não será por mero acaso que de cada vez que o ministro Schaüble é questionado sobre o Deutsche, a resposta acaba invariavelmente por ser sobre Portugal. De resto, enquanto existir quem pague os buracos da banca alemã, designadamente os países periféricos, criaturas como Schaüble continuarão a ter existência política. Assim, a austeridade não pode abrandar e muito menos parar. E é também desta forma que se garante a hegemonia da Alemanha no contexto europeu. 

A única certeza que parece subsistir é que uma Europa em que os países se digladiam é precisamente o oposto daquilo que é apregoado pelo projecto europeu.

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