Em
bom rigor, a questão nem sequer se devia colocar, sobretudo depois
da vitória do Brexit para que muito contribuiu a arrogância das
instituições europeias que, espante-se!, continua a fazer o seu
caminho, alegremente.
Segundo
o jornal francês, Le Monde, a Comissão Europeia recomenda a
aplicação de sanções a Portugal e Espanha. Pelos vistos, França
ficará de fora, pelas razões evocadas pelo Presidente da Comissão
Europeia, Jean-Claude Juncker: "A França é a França".
Nós somos o resto. Obviamente.
O
Bloco de Esquerda avançou com a questão do referendo europeu em
Portugal, caso as sanções avancem. Reconheço o eventual carácter
extemporâneo da proposta - logo após a vitória do Brexit - mas a
proposta visa combater esta postura de arrogância, medo e chantagem
que tem sido o apanágio da UE e das instituições da Zona Euro.
Sancionar
ou não sancionar? Depois do Brexit e da subsequente instabilidade
que existe na UE, o bom senso recomendaria a não aplicação de
sanções, sobretudo quando as mesmas são aplicadas a uns
Estados-membros, deixando outros, igualmente "incumpridores"
de fora.
Com
efeito, a aplicação de sanções, se vier a concretizar-se - ainda
não há certezas -, não difere daquilo que tem sido a marca da
política das instituições europeias: arrogância, obtusidade,
intransigência de uma Europa apostada em castigar os mais fracos,
tal como o neoliberalismo dita. De resto, o que se pode esperar de
uma União Europeia que, depois de perder um dos seus principais
membros, se arroga o direito de querer despachar o processo, para que
o Reino Unido saía o mais rapidamente possível? Um verdadeiro hino
à arrogância mais pueril.
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