O
pluralismo é indissociável da democracia, sendo igualmente uma das
suas maiores riquezas. O Partido Socialista não é excepção,
felizmente. Um pequeno grupo de contestatários não concorda com o
rumo adoptado pelo partido, havendo mesmo quem se desdobre em
entrevistas com o objectivo de chamar a atenção para a falta de
pluralismo no seio do partido.
Esse
dito pequeno grupo discorda da solução política encabeçada por
António Costa, mas limita-se a manifestar a sua discórdia, sem
quaisquer aprofundamentos e não raras vezes manifestando
preconceitos que se julgavam ultrapassados. Francisco Assis é talvez
o mais reputado contestatário. Sem muito para dizer, para além das
banalidades do costume, fica a ideia de que este proeminente membro
do partido e mais meia-dúzia de outros sentir-se-iam mais
confortáveis com uma aliança com os partidos de direita,
designadamente com o PSD. Esquecem os mesmos que esse seria o caminho
mais rápido para o enfraquecimento e subsequente desaparecimento,
pelo menos enquanto grande partido, do PS. As lições que a Grécia
socialista, a França socialista e, em menor grau, outros partidos
socialistas na Europa, não são aprendidas por Assis e afins.
Um
dos maiores dramas do socialismo europeu foi precisamente a sua
aproximação à direita, sendo também responsável pela actual
situação política na Europa marcada pela preponderância dos
partidos de direita, com os resultados que todos conhecemos. O
socialismo por toda a Europa afastou-se dos seus princípios, deixou
de ser peixe, deixou de ser carne; quis ser aquilo que não pode ser,
descaracterizou-se; traiu-se a si próprio. Os cidadãos, esses,
afastaram-se e deixaram de acreditar.
Assis
e afins insistem nesse erro, indiferentes ao passado, complacentes
com o presente e tristemente irrealistas quanto ao futuro.
Em
suma, o pluralismo enriquece a democracia, sobretudo a democracia
interna dos partidos. Assis e afins contribuem com uma visão
diferente daquela adoptada por Costa. Pena é que essa visão mais
não seja do que a recuperação de um bloco central que não deixa
saudades.
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