A 23 de Junho o Brexit pode vencer.
Dito por outras palavras, a 23 de Junho os britânicos podem escolher
a saída da UE. Se tal acontecer os resultados são imprevisíveis e
o futuro da União Europeia, já por si periclitante, pode passar
pelo seu fim, desde logo porque o efeito de contágio será
considerável: Dinamarca, Suécia, Hungria, República Checa, Polónia
e até França, se Le Pen chegar ao poder, poderão ser os países
que se seguem.
Claro que subjacente ao Brexit e a
outros eventuais “exits” estão os nacionalismos associados a uma
UE enfraquecida, concentrada em salvaguardar os interesses da alta
Finança, entregue aos ditames alemães. Uma Europa que,
lamentavelmente, traiu o projecto europeu.
É curioso constatar como os
nacionalismos que degeneraram nas guerras devastadoras para a Europa
estejam de regresso, com nova roupagem, mas mantendo a sua natureza
invariavelmente malévola. É interessante verificar que a tibieza da
França, o fortalecimento da Alemanha e a desvalorização até à
insignificância dos restantes Estados-membros nunca fez soar as
campainhas nas cabeças de tecnocratas e neoliberais.
A UE teve tempo para corrigir a
trajectória, reverter as políticas de austeridade, deixar cair as
tendências hegemónicas da Alemanha. Não o fez. A UE teve a
oportunidade de escolher não seguir cegamente o neoliberalismo.
Escolheu não o fazer. A esquerda, sobretudo aquela que se aliou ao
neoliberalismo tem também as suas responsabilidades. O resultado
começa a ser vislumbrado e é verdadeiramente assustador. Se a isto
acrescer uma eventual vitória de Donald Trump nos EUA, o melhor
mesmo será sonhar com viagens e longas estadias numa qualquer
estação espacial.
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