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Brexit. E agora?

Os britânicos escolheram a saída da UE, o que, bem vistas as coisas, não surpreende: uma longa tradição eurocéptica, factores que pesam sempre nestas equações como o caso da imigração e a germanização da Europa justificam a vitória do Brexit.
Por um lado, as migrações, a crise dos refugiados, a incapacidade da UE em lidar com estas questões, terão seguramente pesado na decisão dos britânicos que, pese embora, tenham beneficiado de um regime de excepção, manifestamente favorável, consideram que a permanência não se justifica. Tudo misturado com o já habitual nacionalismo. Neste particular, acredito que os preconceitos e a demagogia terão tido o seu peso.
Por outro lado, também me parece que os britânicos não querem fazer parte de uma Europa dominada pela Alemanha. Se o eurocepticismo foi sempre relevante no Reino Unido, mais será numa Europa germanizada. E atrás dos britânicos virão outros com a mesma recusa. Com efeito, compreende-se uma a relutância em viver numa Europa obcecada por défices, que ignora os problemas sociais, com a Alemanha a definir a estratégia, de forma mais ou menos sub-reptícia. De resto, os responsáveis pelas instituições europeias, que partilham as mesmas obsessões, preferiram ignorar a possibilidade do Reino Unido sair, e quando questionados sobre essa possibilidades, proferiram afirmações pueris de quem manifestou estar-se nas tintas para essa possibilidade. O Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker é disso um bom exemplo.
E agora? Como será o futuro quer do Reino Unido, com a Escócia e a Irlanda do Norte mais europeístas, e, sobretudo, qual será o futuro da UE agora que perdeu um dos seus membros? Como será a Europa se outros países escolherem a saída?
Os senhores e as senhoras que presidem às instituições Europeias e a própria Alemanha talvez ainda não tenham percebido, mas podem muito bem ficar na História como os responsáveis pela morte do projecto europeu.

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