Será
assunto para muito tempo, desde logo por se tratar da saída de um
Estado-membro da UE. Muito se discutiu a razão que levou a maioria
dos britânicos a escolher a saída. Seguramente existirá um
conjunto de razões que continuará a ser discutida nos próximos
tempos.
Ainda
assim existe uma que me parece ser merecedora de uma aprofundada
discussão: o ultranacionalismo que se tem aproveitado das questões
das migrações e dos refugiados. Um ultranacionalismo que é
indissociável de movimentos fascistas mais ou menos encapotados
Com
efeito, Camus tinha razão quando dizia que o bacilo do fascismo não
havia morrido, como muitos acreditaram. E, tal como no passado, os
liberais do costume - hoje vulgo neoliberais - não souberam fornecer
o antídoto. De resto, desde que os negócios não sejam
prejudicados, vai valendo quase tudo, como o ministro das Finanças
alemão falar na necessidade de um segundo resgate ou nem por isso.
Já nem é possível encontrar adjectivos para descrever estas
criaturas que com estas manobras lá vão afastando as atenções da
banca alemã.
Tentar
separar o recrudescimento destes movimentos do falhanço do projecto
europeu é um erro que nos custará caro. Uma coisa é simplesmente
consequência da outra, ou alguém acreditará que uma Europa que
potencie a coesão social, mitigando o desemprego, proporcionando um
futuro digno aos seus cidadãos, não seria a melhor defesa contra
aqueles que vivem da exploração do ódio? Se os cidadãos europeus
vivessem numa Europa mais próxima, mais justa e menos desigual,
seguramente que esses movimentos baseados no ódio mais primário não
teriam quaisquer condições de subsistir.
Ora,
este ultranacionalismo com raízes fascistas também é consequência
do falhanço do projecto europeu que tem protagonistas conhecidos, os
mesmos que agora clamam por uma saída rápida do Reino Unido.
Esquecem os ditos que o problema não se encontra circunscrito ao
Reino Unido, como, infelizmente, creio que o futuro nos revelará.
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