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A saída não é a solução

Uma eventual saída do Reino Unido da UE não é a solução quer para os problemas do próprio Reino Unido, quer para as dificuldades que a UE atravessa, sobretudo quando os cenários políticos que se avizinham são assustadores: Boris Johnson do Partido Conservador inglês que, na eventualidade de chegar ao poder, arrastará o Reino Unido para mais receitas neoliberais, ou o nacionalismo crescente em vários Estados-membros da UE.
Neste contexto, a existência de um Reino Unido fora da União - ainda mais - só contribuirá para o enfraquecimento da UE, ao mesmo tempo em que os próprios britânicos assistirão ao agudizar das suas próprias dificuldades. 
A saída do Reino Unido pode significar a abertura de uma caixa de Pandora que resultará na própria desintegração europeia. É evidente que esta União Europeia não serve os interesses dos seus cidadãos, demasiado rendida que está ao neoliberalismo. É evidente que a UE encontra-se enfraquecida como nunca esteve. Todavia, abdicar inexoravelmente do projecto europeu de paz, coesão social e prosperidade representará um retrocesso sem precedentes numa Europa já contaminada pelo bacilo do nacionalismo - um nacionalismo bem tolerado pelos neoliberais de serviço.

É importante acreditar que a UE é reformável e que pode retomar o caminho desenhado pelo projecto europeu, oferecendo aos seus cidadãos um modelo diferente daquele postulado pelo neoliberalismo repleto de selvajaria. É importante que o Reino Unido escolha a permanência, mas é igualmente importante que a própria UE aprenda com os seus erros e que retire ilações das divisões que se verificam quer no Reino Unido, quer noutros países. Se não o fizer, estará condenada.

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