Dilma
fora de cena e Michel Temer, que dificilmente seria escolhido pelos
Brasileiros, está agora à frente dos destinos do país. O mesmo
país que se escandalizou perante a possibilidade de um Lula da
Silva, alegadamente corrupto, ministro de Dilma Rousseff, mas que não
parece se inquietar com a presença de tanta gente suspeita de
corrupção junto de Temer, ele próprio longe de ser impoluto.
Não,
o Brasil não está melhor e não está melhor pelas razões acima
invocadas, mas sobretudo por se encontrar longe de uma democracia
consolidada. Dir-se-á que tudo aconteceu num contexto de licitude.
Sim, mas nem tudo o que é lícito é honesto e não ouvir a voz do
povo, em democracia, não é honesto. No Brasil a democracia - a
soberania do povo - foi derrotada.
Não
se ouve a voz do povo, por razões óbvias: medo. Por muito que o
Partido dos Trabalhadores tenha sucumbido a demasiadas tentações e
tenha também desvirtuado a fraca estrutura ideológica de esquerda
que lhe era inerente, é ainda a única esperança para muitos
Brasileiros. Se a voz do povo fosse ouvida, homens como Temer não
seriam eleitos.
Para
já Temer está à frente dos destinos do país e com ele
assistiremos a mais negócios e a menos protecção das camadas mais
frágeis da sociedade brasileira. Com Temer assistiremos ao
retrocesso do que resta do laicismo do Brasil; com Temer e com a
direita brasileira, o país voltará para trás, para tempos que
ninguém, ou quase ninguém, pretende sequer recordar. O Brasil está
melhor? A resposta é óbvia.
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