No
país em que se procura avidamente o consenso, há um que já se terá
instalado: o jornalismo em Portugal (e não só) anda pelas ruas da
amargura. Dir-se-á que internet estará a dar o seu contributo
para a crise do jornalismo, o que poderá ser em parte verdade.
Todavia, a existência de uma promiscuidade que já não é latente
entre jornalistas e poder político seguramente contribui para o
agudizar da crise do sector.
Vem
isto a propósito da notícia da revista Sábado, dando conta de um
alegado "crime" cometido pelo ministro da Educação, Tiago
Brandão Rodrigues, sim, o mesmo que está debaixo de fogo por
ter posto em causa interesses tão queridos da direita portuguesa.
Ora, a revista Sábado acusa o ministro de burlas com bolsa de estudo
com base no depoimento de um ex-professor do agora ministro. Pouco
parece interessar que o ministro e a academia em peso tenham refutado
as acusações, o mal está feito e terá novo impacto num jornalismo
sem crédito, rigor ou isenção.
O
objectivo da revista Sábado é claro: manchar a imagem de um
ministro incomodo, procurando associar Tiago Brandão Rodrigues a
outros políticos da direita, como Miguel Relvas.
Enquanto
o jornalismo, em Portugal e não só, insistir na defesa de uma
agenda que não é consonante com a isenção e com o rigor que lhe
devem ser inerentes, a crise do sector aprofundar-se-á. Ninguém
gosta de ser manipulado e o jornalismo que procura insidiosamente
manipular a opinião pública tem e terá o seu castigo: sem
credibilidade não há negócio sustentável.
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