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Um discurso para esquecer

Só escrevo hoje sobre o discurso de Paula Teixeira da Cruz porque há coisas que de tão obtusas levam tempo a digerir. Paula Teixeira da Cruz sentiu-se embriagada pelo espírito de Abril e de cravo na lapela acusou a esquerda de "atitudes persecutórias" e de "revanche pessoal", aproveitando para acusar ainda a esquerda de ter rasgos de "salazarismo bafiento". Nada mais apropriado. E como se isto não bastasse a ex-ministra da Justiça associou a esquerda aos "deslumbrados com o poder", quando queria dizer os novos "deslumbrados com o poder", na melhor das hipóteses, e culminou o discurso com promessas de um PSD empenhado em fazer oposição "forte mas responsável".
É possível que Paula Teixeira da Cruz tenha tido um dia menos feliz, talvez tenha dormido pouco, ou talvez tenha deixado queimar as torradas para logo descobrir que se tinha esquecido de comprar pasta de dentes. Acontece a todos e não é razão para ser criticada. Fico com esta hipotética explicação - a que dá conta de um possível mau início de dia, agravado pela supressão de sono -, sempre será uma explicação mais favorável à ex-ministra da Justiça do que qualquer outra que nos possa passar pela cabeça.

De resto, como criticar o que escapa à lógica, designadamente quando no dia 25 de Abril se acusa a esquerda de "salazarismo bafiento"? Talvez não seja má ideia alguns dias de repouso, embora reconheça que a privação de sono possa não ser justificação suficiente. Caso existam dúvidas, veja-se o caso do Presidente da República, conhecido por dormir umas meras 3 horas e que fez um discurso lógico e alguns dirão sensato... até ao dia.

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