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Um congresso

Espinho, 1,2 e 3 Abril de 2016 não foram exactamente dias de consagração do líder do PSD, Pedro Passos Coelho, por muito que centenas de acólitos (hoje acólitos de Passos Coelho, amanhã de outro qualquer)  farão o favor de chamar pelo nome do líder e de Portugal, não sei se exactamente por esta ordem.
Seja como for, o ainda líder do PSD mostra não ter a capacidade de ultrapassar o facto de já não ser primeiro-ministro e, embora existam poucas certezas na vida... Passos Coelho não consegue estar na oposição. Está desconfortável, mostra-se confuso e fragilizado. A tentativa de voltar a uma social-democracia há muito desaparecida não colhe frutos simplesmente porque não é essa a natureza da Passos Coelho. E vai buscar Maria Luís Albuquerque para vice-presidência do partido - Passos Coelho não podia estar mais sozinho e desesperado.
O ainda líder do PSD mostrava-se confortável na qualidade de primeiro-ministro, cheio de si próprio em Portugal e entregue a uma submissão abjecta fora do país. Durante quatro anos fechou todas as portas, mostrou-se intransigente e pisou os pés de Marcelo Rebelo de Sousa quando não o podia ter feito.
Passos Coelho esteve sozinho no 36º Congresso em Espinho, entregue a si mesmo e procurando esquecer as vozes críticas do próprio partido: Marques Mendes, Morais Sarmento, Rui Rio e há alguns meses Ângelo Correia, mesmo que estes tenham optado por ficar fora do congresso, não se têm coibido de tecer críticas na comunicação social.
A inexistência de ataques directos à liderança justificam-se quer com o funcionamento pleno da "geringonça", quer com a boa relação de Marcelo Rebelo de Sousa com o actual Governo, o que indica que esta solução política pode ser para durar e que qualquer líder do PSD ficará a cozer em lume brando, sendo precisamente essa a função de Pedro Passos Coelho.

Finalmente, até o CDS, sobretudo agora com a nova liderança, manifesta a sua vontade em querer afastar-se da anterior governação e por inerência de Passos Coelho. Ao ainda líder do PSD resta esperar até ao dia em que se perceber que a sua liderança já não faz qualquer sentido. Curiosamente o Congresso do PSD teve o seu início no dia 1 de Abril, também conhecido por ser o dia das mentiras - nada mais apropriado. E o facto de tantos outros terem reparado nesta coincidência é também revelador de que o patético já tomou conta daquele que foi, indubitavelmente, o pior primeiro-ministro da democracia portuguesa.

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