Confesso que nem sempre mantenho a
atenção devida à actualidade, mas a última vez que verifiquei
vivíamos num Estado de Direito, onde se exige o respeito pela lei,
sobretudo daqueles que são titulares de cargos políticos que servem
o Estado.
Vem isto a propósito da polémica em
torno do ministro da Defesa e da demissão do chefe do Estado-Maior
do Exército, depois de se admitir que no Colégio Militar não se
cumpre a lei, designadamente através de discriminação em função
da orientação sexual.
O ministro da Defesa pediu, e bem,
esclarecimentos, nada escondendo dos cidadãos. O referido pedido de
esclarecimento resultou na demissão do chefe do Estado-Maior do
Exército e numa maior visibilidade do conservadorismo e
corporativismo serôdio de parte da instituição militar.
A polémica em torno do ministro da
Defesa, alimentada por uma comunicação social ávida de
acontecimentos negativos que envolvam o Governo, aproveitada por uma
oposição vazia e sem norte que se agarra a tudo para fazer prova de
vida e utilizada por algumas patentes militares para mostrarem o seu
pretenso poder, não faz qualquer sentido. O ministro da Defesa agiu
em conformidade com a lei e exigiu o mesmo dos intervenientes neste
processo.
Não deixa de ser estranho assistir a
tanta celeuma em torno de um representante do Estado, que prometeu
obedecer à Constituição e agiu a propósito de um desrespeito pela
Lei Fundamental. Não deixa de ser estranho assistir a altas patentes
militares pronunciarem-se sobre os acontecimentos esquecendo que o
ministro da Defesa agiu de forma meramente elementar numa democracia.
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