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E o Brasil?

A comunicação social portuguesa limitou-se a regurgitar o que havia sido veiculado por órgãos de comunicação social brasileiros como a Globo - meio instrumentalizado por quem procura encetar um golpe no Brasil A verdade é aquela cogitada pela Globo e por órgãos similares, nem tão-pouco se questionou a parcialidade de boa parte da magistratura brasileira.
Todavia, o Brasil, ou melhor Dilma e Lula deixaram de ser protagonistas dos média portugueses, sobretudo quando se tornou visível a tentativa de derrubar Dilma Roussef e depois de se perceber que há todo um Brasil político envolvido em corrupção, transformando o triplex de Lula da Silva num fait divers patético. A excepção terá sido o IV Seminário Luso-Brasileiro de Direito, promovido conjuntamente pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (EDB/IDP) e a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa que contou com a presença dos senadores Aécio Neves e José Serra, ambos do Partido da Social Democrata Brasileira (PSDB, oposição), além do presidente do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz, e do magistrado do STF Dias Toffoli, bem como o juiz Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal brasileiro, que confirmou a suspensão da posse de Lula da Silva como ministro. Um evento curioso repleto de gente curiosa.
É evidente que a ideia que se tentou passar de que Dilma e Lula possuem em si mesmos todos os males do Brasil perdeu força quando se soube que até o Presidente da Câmara dos Deputados (Eduardo Cunha do PMDB) é acusado de vários crimes de corrupção, com várias contas na Suiça. É o próprio Eduardo Cunha a promover o impeachment de Dilma, sem que haja crime, desviando desta forma a atenções de si próprio.
Quando neste filme de corrupção, cujo o argumento contará com uma forte participação da Globo, apenas Dilma e Lula se destacavam, a comunicação social portuguesa até especiais fez sobre aquela dupla de malfeitores; agora que o filme é outro, bem mais complexo, bem mais abrangente e menos favorável àqueles que gostariam de ter a casta do costume no poder, a ideia é simples: a direita brasileira não conseguindo regressar ao poder através do voto, recorre a uma das muitas antíteses da democracia.

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