O
mundo assistiu incrédulo a um espectáculo circense com o objectivo
de destituir a Presidente eleita Dilma Rousseff. Curiosamente Dilma
Rousseff é das poucas pessoas envolvidas neste processo que não
está a ser alvo de investigações por corrupção, contrariamente
ao Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, por exemplo.
Alguns
momentos altos do espectáculo circense: o deputado Jair Bolsonaro
lembrou orgulhosamente um coronel, ex-chefe da DOI-CODI na ditadura
militar, um dos homens que torturou Dilma Rousseff; o número elevado
de parlamentares evangélicos que afirmam fazer tudo em nome de Deus;
ou os inúmeros episódios de histerismo que não têm lugar numa
democracia, tudo entre uma ou outra "selfie".
Dilma
é acusada de utilizar dinheiros públicos para financiar programas
de Governo e é acusada de violar a lei da responsabilidade fiscal -
nada que justifique a sua destituição, muito menos quando os
mentores e apoiantes desse afastamento estão envolvidos em inúmeros
casos de corrupção (Presidente da Câmara, Eduardo Cunha e Michel
Temer, ambos do PMDB são bons exemplos, eles e mais de meia centena
de parlamentares pertencentes ao PMDB e a outros partidos, muito mais
do que um único deputado do PT que é réu) . Podemos considerar que
a ainda Presidente brasileira estará muito longe de ser uma
Presidente exemplar, podemos até considerá-la anódina,
incompetente, o que se quiser, mas esses julgamentos devem ser feito
nas urnas e deve ser o povo a fazer os juízos que entender e não um
conjunto de políticos histéricos, corruptos e cuja conduta não se
coaduna com qualquer democracia consolidada.
A
vergonha tomou conta do panorama político brasileiro. Agora é a vez
do Senado se pronunciar, ratificando, muito provavelmente, a
destituição da Presidente. O que vem aí será o resultado de uma
democracia enfraquecida tomada por gente sem vergonha que tenta
conseguir artificialmente o que não consegue nas urnas, provocando
divisões graves no seio da sociedade brasileira; o que vem aí será
o resultado de um golpe de Estado.
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