Avançar para o conteúdo principal

A propósito da solidão

Passos Coelho saberá do que se fala. A solidão que assola o anterior primeiro-ministro manifesta-se de muitas formas e com particular frequência. O último exemplo do isolamento e consequente solidão a que Passos Coelho está sujeito veio a propósito dos 140 anos da Caixa Geral de Depósitos.
Recorde-se que Passos Coelho é dos mais acérrimos defensores da privatização do banco, mas também nesta questão parece estar sozinho, pelo menos não poderá contará com quem é relevante. Vem isto a propósito do facto do Presidente da República se colocar mais uma vez ao lado do Governo de António Costa, desta feita contra tentativas de privatizar o banco estatal. E novamente Passos Coelho fica sozinho, entregue ao seu pessimismo, atolado nas suas frustrações e, ainda assim, esperançoso que tudo corra mal ao Executivo de Costa e subsequentemente ao país, para que possa regressar na qualidade de Messias.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu o consenso em torno da Caixa Geral de Depósitos pertencer à esfera pública. Passos fica naturalmente fora desse consenso.

A cozer em lume brando, isolado em boa parte das posições e afundado num humilhante isolamento, Passos Coelho procura sobreviver com os olhos postos numa hipotética desgraça. Todavia, se essa desgraça não chegar rapidamente, o líder do PSD não terá outro remédio do que continuar a cozer em lume brando, entregue à solidão e definhando enquanto o partido procura novas soluções. Fingir ser social-democrata não chega, como se vê.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa