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Maria Luís, simplesmente Maria Luís

Maria Luís é uma mulher que em três anos se tornou popular, não pelas suas qualidades ou especialidades, mas porque esteve no sítio certo à hora certa, conhecendo, naturalmente, as pessoas certas. Maria Luís transformou-se numa facilitadora, mas contrariamente a outros facilitadores não sentiu a necessidade de respeitar o famigerado período de nojo.
Maria Luís também vive no tempo certo, o tempo em que os princípios são facilmente trocados por uma espécie de pragmatismo que se traduz numa inexorável vacuidade. Maria Luís é produto do homem-massa tão bem descrito por Ortega y Gasset. O homem-massa, desprovido de princípios, sem recurso a qualquer esforço intelectual, vivendo num mundo em que só os seus têm importância, aprecia homens e mulheres como Maria Luís que, tal como ele, nada têm para oferecer para além de uma vacuidade apresentável; homem-massa que não aprecia a discussão de ideias e que, amiúde, reconhece que as medidas políticas têm que ser impostas com violência, até porque o que tem de ser tem muita força.
Maria Luís acredita que a lei tudo justifica, sem nojo, sem princípios, sem vergonha.
A Maria Luís bastou parecer, sem nunca ser coisa alguma, munida da habitual retórica oca e postura severa, nunca conseguiu ir para além do parecer. Agrada a quem precisa de facilidades; agradou a quem necessitou dessas facilidades, apenas dirigidas à casta do costume e, seguramente, ainda agrada aos amantes do simplismo. Maria Luís, simplesmente Maria Luís.

Antes de concluir, peço ao leitor que se dedique ao seguinte exercício: imaginar Maria Luís vestida de fraque. Nada mais apropriado para quem passará a trabalhar para uma empresa de compra e cobrança de dívidas. Do Banif e não só.

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