O
Presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António
Saraiva, afirmou, em entrevista ao Diário Económico, que "mais
vale ter trabalho precário do que desemprego", tendo em conta
"a situação em que está a economia". A afirmação que
conta sempre com uma tentativa de nivelar tudo por baixo e apresentar
como alternativa o pior cenário possível, faz de facto escola em
Portugal. Segundo António Saraiva só há duas soluções: ou
precariedade ou o desemprego.
De
resto, já se disse o mesmo aos funcionários públicos, quando se
reduziu salários: mais vale essa redução do que o desemprego. Tudo
invariavelmente acompanhado pela já habitual complacência.
E
por falar em precariedade, o Presidente da CIP crítica Maria Luís
Albuquerque, mas encontra uma razão para a conduta da ex-ministra
das Finanças e ainda deputada: os políticos ganham "muito
mal", o que justifica que vendam a alma ao Diabo por
tuta-e-meia. Paralelamente, António Saraiva considera que a
remuneração dos políticos deveria ser em função do seu
desempenho. Ao que sei o desempenho dos políticos é julgado pelos
cidadãos e o expoente máximo desse julgamento tem lugar em
eleições. Não será essa a opinião de António Saraiva, mais
preocupado em legitimar a precariedade dos trabalhadores e encontrar
explicações para a mais inexorável ausência de ética de alguns
políticos, do que analisar as razões que justificam o facto do
tecido empresarial português ser tão débil.
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