Depois
de conhecidas as penas de prisão dos activistas angolanos - penas
que vão até aos 8 anos de pena efectiva - a questão que se coloca
prende-se com a nossa posição, designadamente a posição do
Governo português. Será que vamos escolher novamente o silêncio e,
até certo ponto, a conivência com um regime autoritário e
desenquadrado com o século XXI? O Governo de António Costa falou,
mas falou baixinho.
É claro que os negócios inviabilizam uma tomada de posição
mais contundente. Afinal de contas, Angola, mais concretamente o
regime angolano, participa com particular intensidade nos negócios
em Portugal. Isabel dos Santos olhou e ainda olha para Portugal como
aquela nova-rica que se apanha num centro comercial. É só escolher:
telecomunicações, imobiliário, banca, etc.
Este
Governo, ainda que apoiado por partidos como o Bloco de Esquerda,
continuará a agir como se tivesse o rabo preso - sem margem de
manobra, cinge-se a meia-dúzia de frases inócuas, ainda assim uma
evolução comparativamente com o Governo anterior que contava com
Rui Machete como ministro dos Negócios estrangeiros.
O
silêncio português ou o falar baixinho, se serve de algum consolo, são também característica daquela coisa que não serve para
nada: a CPLP.
Entretanto,
os activistas angolanos, entre os quais se encontra Luaty Beirão, são agora confrontados com penas de prisão
por crimes de delito de opinião. E tudo por causa de um livro. Os activistas angolanos não contarão com a
solidariedade de todos os que têm negócios com o regime, nem
tão-pouco podem sonhar com alguma iniciativa concreta, apenas com
alguns chavões inconsequentes. Os negócios são simplesmente mais
importantes e são os negócios que sustêm um regime execrável que envergonha o século XXI.
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