Por
razões que se prendem com o pudor que me resta, tenho-me abstido de
escrever sobre os candidatos republicanos. Sabemos que os EUA são
capazes do melhor e do pior, mas o que o Partido Republicano
apresenta é simplesmente mau demais para ser verdade. E se já
pensávamos que Sarah Palin era uma caricatura de parte dos
americanos, o que dizer de Donald Trump?
A
verdade é que Trump deu já um salto de gigante para nomeação do
partido já naquela que é designada a super terça-feira, dia em que
treze Estados dos Estados Unidos votaram nas primárias, escolhendo o
inefável milionário.
Ora,
qual é o problema deste candidato? Tudo. As medidas avançadas são,
na sua maioria, arrepiantes e reveladoras de uma intenção de se
recuar décadas ou séculos - Trump é a antítese do avanço
civilizacional. O muro a separar EUA do México será a medida mais
emblemática, mas Trump é também conhecido por defender que os
familiares dos terroristas deviam ser também eles eliminados.
Paralelamente, Trump é mentiroso. O que diz simplesmente não se
pode escrever, mas infelizmente para ele escreve-se e, com o advento
da internet, torna-se difícil não tropeçar nas mentiras do
candidato republicano mais bem posicionado para a nomeação.
Por
que razão tantos americanos o apoiam, quando um já seria demais? O
desencanto com os candidatos tradicionais e com a política no
sentido genérico não contam toda a história. Problemas com o
sistema de educação americano? A ideia criada por Trump e por parte
da comunicação social de que este é um homem bem sucedido e se o
foi na sua vida profissional, também o será à frente dos destinos
do país? A tendência que muitos de nós têm de encontrar no
populismo um refúgio para os problemas reais? A propensão que
muitos de nós possuem para transferir para a criatura mais
intratável características que consideramos verdadeiramente
importantes, e, abrigados pelo colectivo esquecermos que temos a
finitude como horizonte?
Todas
as explicações, mesmo as mais filosóficas e psicanalíticas,
parecem manifestamente escassas para explicar um retrocesso sem
precedentes. E tudo se passa nos Estados Unidos da América. Ou será
que tudo começa nos Estados Unidos da América?
A
esperança reside naqueles que no partido republicano se preparam
para apoiar e votar em Hilllary Clinton. Qualquer coisa que não seja
Donald Trump.
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