À
distância e com a devida salvaguarda, arrisco um comentário sobre a
situação política no Brasil. Desde logo, a estranheza impossível
de não sentir quando se olha para as manifestações dos últimos
dias - as mesmas que procuram tirar o Partido dos Trabalhadores (PT)
do poder. De resto, há uma característica que salta à vista quando
olhamos para as referidas manifestações: não se trata de um
conjunto de manifestantes habituais, pertencentes àquilo que é
designado por povo. Paralelamente estas são manifestações que
contam com um forte apoio mediático. Parece claro que existe uma
parte da sociedade brasileira pouco confortável com a mitigação
das desigualdades consequência directa da presidência de Lula da
Silva e até certo ponto de Dilma Rousseff. As justificações destes
manifestantes redundam invariavelmente na corrupção, como se esta
fosse exclusiva do PT e como se a direita brasileira nem soubesse o
que isso é.
Por
outro lado, a atitude de Lula e de Dilma que, a confirmar-se,
corresponde a um enorme tiro no pé. Refiro-me evidentemente à
escolha de Lula para ministro, agora que o mesmo é visado pela
justiça brasileira. Ministro é sinónimo de imunidade (podendo apenas ser investigado pelo Supremo) e por muitas
justificações que ambos possam eventualmente oferecer, a verdade é
que poucos não interpretarão esta nomeação como uma forma cobarde
de um culpado se proteger. É tão fácil destruir o que se construiu.
Pelo caminho uma justiça facciosa com juízes a fornecerem à comunicação social escutas com o objectivo claro de incendiar o país.
Pelo caminho uma justiça facciosa com juízes a fornecerem à comunicação social escutas com o objectivo claro de incendiar o país.
No
Brasil nada será exactamente o que parece. A única certeza que pode
subsistir é que a democracia brasileira tem vindo a sair
manifestamente fragilizada.
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