Surpreende
a fragilidade das instituições democráticas brasileiras;
surpreende a existência de uma guerra aberta entre poder político e
poder judicial; surpreende a atitude de Lula e de Dilma que, talvez
por não terem qualquer confiança no sistema judicial e procurando
sobreviver a todo o custo, tomaram uma decisão suicida do ponto de
vista moral; surpreende precisamente a ausência de moral entre as
partes envolvidas. A divulgação de escutas entre Lula e o seu
advogado constituiu um atropelo em qualquer Estado de Direito. Já
para não falar da divulgação das escutas por parte do juiz de 1ª
Instância envolvendo a própria Presidente da República. Tudo isto
acaba por comprometer a seriedade do próprio processo e serve apenas
para atiçar ânimos já por si atiçados. Não se verifica a
imparcialidade dos agentes de justiça, o que é grave em qualquer
contexto.
O
desfecho desta história não será feliz também pelo perigo de não
se respeitar a separação de poderes - base do Estado de Direito e
essência da democracia. Não temos informação suficiente para
aferir a eventual culpabilidade de Lula da Silva, sabemos apenas que
a sua decisão como ministro não caiu bem, mas por vezes esquecemos
que enquanto os políticos são escrutinados pelos cidadãos, os
juízes não o são e essa é toda uma diferença. Por essa razão é
essencial o respeito pela separação de poderes e pelo Estado de
Direito. Coisa que no Brasil, aparentemente, nem sempre é recordado
com a frequência necessária.
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