Em
troca de uma medida paliativa para resolver a questão dos refugiados
- uma medida que tornará a vida desses refugiados ainda mais
difícil, tendo em consideração a forma como o regime turco trata
os migrantes, sobretudo os não sírios - a UE prepara-se para vender
a alma ao Diabo, leia-se ao regime turco.
Pouco
interessam os atropelos aos direitos humanos; pouco interessa o
desrespeito pela liberdade de imprensa e outras liberdades; pouco
interessa as atrocidades cometidas contra o povo curdo, o mesmo que
dá a vida numa luta férrea contra o Daesh e nenhuma relevância
terá o facto do regime turco apoiar esse mesmo Daesh, quer com a
compra de petróleo do auto-intitulado Estado Islâmico, quer através
da forma insidiosa como tem abordado a questão curda, beneficiando o
Daesh. O que interessa é a Europa livrar-se do "problema"
dos migrantes, mesmo dos refugiados. Paga-se (quantos mil milhões de
euros?) para resolver a questão; dinheiro e novas promessas de uma
futura adesão da Turquia - país cujo regime deveria envergonhar
qualquer democracia. E pouca relevância terá o facto do envio de
requerentes de asilo sírios da Grécia para a Turquia ser condenado
pela ONU. As guerras tantas vezes alimentadas pelos mesmos que agora
discutem como se livrar de refugiados e a miséria (indissociável da
riqueza de outros) que leva tantos a arriscarem a vida não tem lugar
nas conversas entre dirigentes europeus e responsáveis turcos.
A ideia será, dizem eles, combater o tráfico, os barcos, a chegada de pessoas sem os mínimos de segurança, afinal somos todos humanos, não é verdade? Por outro lado sosseguem as almas mais inquietas: "a UE deverá comprometer-se a aceitar um refugiado sírio na Europa por cada sírio que seja devolvido à Turquia a partir das ilhas gregas."
A ideia será, dizem eles, combater o tráfico, os barcos, a chegada de pessoas sem os mínimos de segurança, afinal somos todos humanos, não é verdade? Por outro lado sosseguem as almas mais inquietas: "a UE deverá comprometer-se a aceitar um refugiado sírio na Europa por cada sírio que seja devolvido à Turquia a partir das ilhas gregas."
A
vergonha está indubitavelmente instalada na UE. Com eleições
regionais à porta, a Alemanha procura livrar-se o quanto antes do
"problema" dos refugiados e migrantes. O resto da Europa,
uns partilhando o mesmo "problema", outros nem tanto,
seguem a Alemanha.
Com
este acordo, a UE passeia o cadáver chamado projecto europeu sem
pestanejar e sem um pingo de vergonha.
Dia
17 ou 18 de Março, o acordo será fechado.
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