Existem
diferenças assinaláveis entre o actual Governo e o anterior e
torna-se inevitável relevar essas diferenças. Embora não seja
particular entusiasta da individualização, salientando as
características dos membros que compõem um Governo, existe uma
diferença que não resisto em salientar: com este Governo voltei a
ver seres humanos no lugar de criaturas desprovidas de
características humanas.
E
tudo começa com o primeiro-ministro. Passos Coelho, de resto,
dificilmente se dava a ver como ser humano, confundindo seriedade com
antipatia e mediocridade. Embora tenha tentado despertar para uma
forma estranha de humanismo em plena campanha eleitoral, procurando
fazer das temáticas sociais elemento central das semanas que
antecederam o acto eleitoral, nunca teve sucesso. É difícil
contrariar a nossa natureza.
E
o que dizer de Vítor Gaspar, Sérgio Monteiro, Maria Luís
Albuquerque , Bruno Maçães, Paula Teixeira da Cruz, a ministra da
Administração interna, cujo nome já ninguém se lembra, ou os mais
recentes, Calvão da Silva? Isto só para dar alguns exemplos.
Por
conseguinte, aconteça o que acontecer, e sobretudo quando ensaiamos
críticas tantas vezes prematuras sobre os membros do actual Governo,
lembremo-nos do que assolou o país durante os últimos quatro anos.
Para
além dos indicadores económicos, das conjecturas de sucesso ou
fracasso, das metas do défice ou do crescimento económico, o país
já ganhou - agora temos seres humanos.. E essa é talvez a maior
vitória: seres humanos ao invés de criaturas inefáveis.
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