Paulo
Portas, de cognome, o irrevogável, anunciou a sua saída da
liderança do CDS e há quem afirme que Portas também abandonará o
Parlamento. Tratando-se do irrevogável subsistem as dúvidas e as
incertezas.
Na
eventualidade de se levar a conversa de Portas a sério, o futuro do
CDS não é promissor. Com efeito, Portas está desgastado: não foi
o mesmo na campanha para as legislativas, sobretudo nos debates e,
para além das fitas e da desfaçatez do costume, não parece ter
mais para oferecer. A coligação desgastou a sua imagem e esvaziou,
do ponto de vista ideológico, o próprio CDS. Depois de cortes,
empobrecimento e sobretudo de se perceber que não haverá devolução
de sobretaxa e que a saída limpa assemelha-se afinal a uma
casa-de-banho de uma qualquer estação de comboios em hora de ponta,
o que resta ao ainda líder do CDS? Nem em lares de idosos, feiras ou
lotas Portas consegue brilhar.
Paralelamente,
o homem que esteve dezasseis anos à frente do CDS nunca se livrou de
questões menos claras ligadas à corrupção, designadamente com o
famigerado caso dos submarinos. Resta saber até que ponto essas
mesmas questões não terão pesado na decisão em apreço.
Restam
assim as indefinições no que diz respeito ao futuro do CDS. Nenhum
dos nomes avançados para a substituição de Portas se afigura
promissor, até porque o CDS sem Portas pode nem ter futuro.
Espera-se que Passos Coelho siga o exemplo do parceiro de coligação.
Comentários