As
tentativas de expulsão de militantes que não alinham com a cartilha
dominante não são inéditas nos partidos políticos, o que não
significa que esse facto deva ser encarado com naturalidade. Vem isto
a propósito das palavras de Duarte Marques, antigo líder da JSD e
agora figura relevante no PSD, que vê com "normalidade" a
saída do Pacheco Pereira do partido. Ainda não satisfeito, Duarte
Marques, vai mais longe e diz que "pensasse como ele, teria
vergonha de ser militante do PSD".
Pacheco
Pereira, militante de muitos anos do PSD, terá sido convidado a sair
e se não o fizer, resta a hipótese de expulsão. Tudo porque
Pacheco Pereira tem sido um acérrimo crítico dos anos de Passos
Coelho, quando a questão que se impõe é a seguinte: como não ser
um crítico desses anos?
É
evidente que muitos, no seio do PSD, preferiram o silêncio à
verdade; outros alinharam, sem dificuldade, com a filosofia de
pacotilha de Passos Coelho, uns por uma questão de sobrevivência,
enquanto outros conseguiram até retirar algum prazer da
transformação social a que o país foi sujeito.
Pacheco
Pereira é uma voz dissonante - mas uma voz que sempre fundamentou as
suas críticas e que se insurgiu contra as injustiças. Não é
bem-vindo, sobretudo quando o que reina no PSD é a mediocridade. Por
falar em mediocridade, não deixa de ser curioso ver que são
precisamente os mais medíocres a clamar pela expulsão de uma das
figuras mais brilhantes do PSD. Não se trata de mera coincidência:
a
mediocridade não permite espaço para mais.
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