Há
escassos meses o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, candidato
presidencial levado ao colo pela comunicação social, apresentava o
seu parecer sobre os cortes no Sistema Nacional de Saúde (SNS) e
sobre o ministro Paulo Macedo. Na missa dominical da TVI, Marcelo
pronunciou-se sobre os cortes no SNS, deixando a ideia de que eram
necessários; sobre Paulo Macedo considerou que o então ministro da
Saúde havia cumprido o seu papel.
Meses
depois, e após a ignóbil morte de um jovem no hospital de S. José,
Marcelo, tão próximo de eleições, prefere revelar-se um acérrimo
defensor do SNS e, de semblante carregado, enfatizou a importância
que deve ser atribuída ao SNS, referindo que se pode cortar em
muitos sítios, mas na saúde é que não pode ser.
Marcelo
Rebelo de Sousa tem tudo a ganhar se se mantiver calado. É triste,
mas parece ser essa a realidade: bastaram-lhe longos anos de
politiquice e conversa de trazer por casa para conquistar –
aparentemente – uma quantidade incomensurável de votos. Marcelo, à
semelhança de parte significativa da direita, sucumbe à mais bacoca
hipocrisia, de resto o que dizer das afirmações do Professor Rebelo
de Sousa quando este tece críticas aos gastos excessivos na campanha
para as presidenciais? O antigo comentador chegou ao ponto de afirmar
que se pudesse ainda teria “gasto menos”. Pudera! Marcelo, com
mais de uma década de televisão, em horário nobre, e perante
olhares embevecidos e patéticos dos jornalistas, não precisa de
fazer campanha. Simplesmente não precisa. Escusava era de ser tão
hipócrita. Para esse papel temos tido Paulo Portas que agora diz
adeus à liderança de uma partido à beira da extinção.
Em
suma, o Professor Marcelo quando fala, fora do contexto televisivo
controlado e à sua medida, enterra-se e enterra-se e volta a
enterrar-se. Por que razão somos tão pouco exigentes no toca à
escolha dos nossos representantes políticos? E depois? Queixamo-nos
de quê?
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