A
verdadeira herança deixada por PSD/CDS pode ser um novo resgate; uma
herança que não pode ser repudiada pelo PS e que, bem pintada pela
comunicação social, pode dar um forte contributo para a
fragilização do novo Governo. Com efeito, a governação encabeçada
pela dupla Passos/Portas pode resultar num segundo resgate.
Senão
vejamos: depois de BPP e BPN com custos ainda por apurar, juntam-se
BES, Banif, provavelmente Montepio e Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Em bom rigor, em que estado está a CGD? E que história é essa de
empréstimos da CGD à Parvaloren que gere os prejuízos do BPN? Do dinheiro emprestado quanto já foi pago? Será tudo devolvido?
E se não for? E o BES? E os quase 5000 milhões de euros? Não será
seguramente Sérgio Monteiro, antigo secretário de Estado do Governo
de Passos Coelho, incumbido de vender o banco de má memória, a
salvar a honra do convento. Sérgio Monteiro só tem, de resto, uma
certeza: 30 mil euros de remuneração mensal.
E
o Banif? E os 700 milhões de empréstimo do Estado? A venda ao
Santander implica a perda desse valor.
E
o Montepio?
E
a CGD?
E
o contexto? Uma economia que se recusa crescer, déficit acima do
previsto, dívida impagável.
Assim,
seremos todos confrontados com a onerosa herança da dupla
Passos/Portas. O resultado já é em parte conhecido: país
empobrecido, apático e profundamente desigual a que se pode juntar
agora a perspectiva de um novo resgate. É a Passos e a Portas que
devemos agradecer.
Nota:
Talvez a existência (artificial) de apenas um bom aluno seja
suficientemente dissuasor de tal possibilidade de um novo resgate. A
manutenção dessa ideia de bom aluno (basta a ideia, a realidade
torna-se secundária) seja de facto suficiente para que um resgate se
cinja apenas à banca ou, num cenário mais optimista, nem se
concretize.
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