O
PP perdeu em toda a linha, ficando sem parte significativa dos
deputados. "Há uma derrota da direita e uma vitória da
esquerda em toda a sua heterogeneidade" dizia no domingo o El
País.
Outra
nota digna de registo: o resultado do Podemos e do Ciudadanos. Os
primeiros superaram as expectativas que é como quem diz as
sondagens; os segundos ficaram longe do que se esperava. E o facto:
acabou-se a alternância PP e PSOE.
A
solução política a sair dos resultados de ontem será difícil:
nem esquerda nem direita têm facilidade em chegar aos 176 deputados
para a maioria, tudo poderá depender de partidos nacionalistas ou de
uma hipotética aliança PSOE/Podemos/Ciudadanos.
Seja
como for, o Parlamento reflectirá a vontade de mudança com quatro
partidos em vez dos habituais dois.
Uma
possível solução de esquerda (mesmo com ERC e IU), quem sabe
copiada da portuguesa, não olhará para as políticas europeias e
para as doses cavalares de austeridade da mesma forma como tem sido
olhada por Rajoy. E se o PSOE procurar uma solução que inclua o PP
corre o risco de se transformar num novo PASOK, coisa que por cá
António Costa evitou e muito bem.
Paralelamente,
a inexistência de uma maioria do PP representa más notícias para
Merkel e Schäuble e boas notícias para o projecto europeu e para os
cidadãos da Europa. Só uma frente de países que possa colocar em
causa as políticas desastrosas da UE é que podem trazer alguma
esperança a um projecto deprimido.
Em
último caso, os espanhóis serão novamente chamados a se pronunciar
em novo acto eleitoral. Seja como for, a democracia continua a fazer
o seu caminho, apesar dos sistemáticos atropelos.
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