Esperavam-se
explicações da ex-ministra das Finanças que tentou limpar a sua
responsabilidade em entrevista ao mesmo canal que lançou o boato do
encerramento do Banif. As explicações foram, como se esperava de
alguém que nunca considerou ser sua função explicar o que quer que
seja aos cidadãos, pouco ou nada esclarecedoras.
Ficou
claro que se prolongou deliberadamente a resolução do problema,
primeiro para não pôr em causa a saída limpa e depois porque 2015
era ano de eleições. Pelo caminho chegou-se ao ponto deplorável de
tentar receber como accionista o regime ditatorial da
Guiné-Equatorial. Por falar nisso, onde pára Luís Amado?
Se
dúvidas existissem relativamente à irresponsabilidade,
incompetência e carácter manipulativo do anterior Governo, o caso
Banif tem o condão de as dissipar; se dúvidas ainda existem quanto
à mentira grosseira e implícita na frase "lixar-se para
eleições", elas morreram com o Banif.
Outra
conclusão a tirar de mais este comportamento da banca e dos
responsáveis governativos prende-se com a facilidade com que se
salva um banco em oposição à dificuldade em aumentar o salário
mínimo ou em repor salários e pensões. Talvez a importância do
sector financeiro justifique essa facilidade no salvamento, mas
seguramente que a promiscuidade entre poder político e poder
financeiro também vão fazendo a sua parte.
Resta
saber se tudo isto fica pelo Banif. Dificilmente. O espartilho
europeu que condiciona o salvamento dos bancos transforma-se noutra
coisa em Janeiro. E o resto da banca? Este governo que iniciou agora
funções deve proceder a uma transformação do sistema financeiro,
se não o fizer, teremos outros casos com impacto incomensurável na
economia que nos empurrarão para outro pedido de apoio europeu.
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