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É assim que se trabalha

O anterior governo andou meses sem fazer o seu trabalho. É precisamente isso que se depreende da notícia que dá conta de não existir qualquer trabalho produzido pelo Governo de Passos Coelho em matéria de Orçamento de Estado, nem sequer o trabalho relativo a opções que estão fora das opções políticas. Ou seja até o trabalho administrativo ficou por fazer: despesas correntes, despesas salariais, perspectivas de investimento, etc. 
Assim sendo, prevê-se demoras na entrega do Orçamento de Estado.
O Executivo do rigor, invariavelmente coadjuvado pelo pensamento único e por uma falsa ideia de responsabilidade, ficou afinal, e uma vez mais, mal na fotografia. O Executivo que sempre atribuiu todos os males deste mundo e do outro a José Sócrates deixou afinal pontas soltas e um país longe, muito longe, do cenário idílico pintado sobretudo em campanha eleitoral. Deixou um país com uma economia estagnada, em perigo de não atingir as metas do défice estipuladas para este ano; deixou um país com uma dívida incomensurável; com elevados níveis de desemprego, apesar de tanta cosmética; deixou um país empobrecido, repleto de precários e baixos salários; deixou um país sem esperança num futuro melhor. O governo de Passos Coelho nem o trabalho administrativo deixou feito: não entregou o esboço do Orçamento de Estado às instâncias europeias e nem sequer permitiu que o próximo Orçamento de Estado pudesse ser elaborado com a celeridade que se exige.

Recorde-se: este foi o Executivo da responsabilidade e do rigor e os outros é que eram os maus da fita. Cómico, se não fosse trágico.

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