A
transparência é um valor basilar da democracia, sem transparência
não existe a confiança que é necessário estabelecer entre
cidadãos e instituições democráticas. Infelizmente muitos
políticos preferem a cosmética à transparência. É o caso de
Maria Luís Albuquerque, actual ministra das Finanças, que no seu
tempo de secretária de Estado deu ordem para esconder prejuízo do
BPN. Segundo o jornal Expresso, Maria Luís Albuquerque "pediu à
Parvalorem, empresa pública que gere os activos tóxicos do BPN,
para esconder prejuízo de 150 milhões de euros, de forma a não
agravar défice de 2012". O ministério das Finanças veio de
imediato desmentir a notícia. A julgar pela seriedade da ministra
das Finanças na trapalhada dos contratos swap, toda a gente ficou
sossegada com o desmentido do ministério por ela tutelado. Um
desmentido que ganha força a poucos dias de eleições.
Transparência e verdade: palavras desconhecidas para a coligação.
A
cosmética das contas pública tem um valor supremo, atropelando a
transparência e o rigor que devem ser apanágio de qualquer pessoa
que represente os cidadãos. Que este governo não é merecedor da
confiança dos portugueses, não constituiu propriamente novidade,
mas que vai ao ponto de pedir a uma empresa pública que esconda os
prejuízos para não estes não serem contabilizados no défice é ir
longe demais.
Infelizmente
por muitas razões que justifiquem a não aprovação do ainda
governo, parece ainda existir quem, talvez num estranho exercício de
masoquismo, insista em duas de uma: ou votar na coligação que
suporta o Governo ou no abdicar de um simples gesto que possa
contribuir para colocar um ponto final em toda esta imensa tristeza:
votar em qualquer uma das alternativas propostas. Com efeito caímos
no domínio
do surreal
e, aparentemente, de lá não sairemos tão cedo.
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