É preciso, antes de tudo, fazer a
seguinte observação: tenho as maiores das dúvidas quanto a uma
hipotética consonância entre os resultados das sondagens e a
realidade.
Dito isto, torna-se difícil não
associar as sondagens que, de um modo geral, apresentam empates
técnicos entre a coligação PàF e o PS e a pressão do voto útil.
Na verdade, essas mesmas sondagens
agudizam a força do voto útil, a título de exemplo atente-se ao
seguinte: um eleitor inclinado para votar num dos partidos que se
situa mais à esquerda do PS que, na iminência de uma possível
vitória da coligação de direita, vê-se pressionado a mudar o seu
sentido de voto precisamente para o PS para que a coligação não
seja reeleita. Será este um cenário tão inverosímil quanto isso?
Acresce à pressão das sondagens todo
o trabalho realizado pela generalidade da comunicação social,
dedicada a tempo inteiro à tarefa proporcionar aos partidos do
famigerado arco da governação, com especial destaque para a
coligação, todo o tempo do mundo.
O resultado desta equação, à qual
se pode ainda acrescentar um vasto conjunto de cidadãos pouco ou
nada interessados e pouco ou nada informados, é conhecido: largas
décadas de uma alternância de poder que contribuiu de forma
indelével para a situação que tão bem conhecemos e vivemos hoje.
Existe uma certeza: no dia 5 de Outubro nada de substancial mudará
no país.
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