A
Europa transformou-se numa imensa vergonha, vendida aos interesses
financeiros, esqueceu os princípios que a caracterizam,
designadamente a solidariedade. A crise financeira desencadeada pela
finança e posteriormente transformada em crise das dívidas
soberanas mostrou uma Europa dominada por um país e pelos interesses
financeiros. A vergonha já estava instalada.
Agora
a Europa confronta-se com a crise dos refugiados. Depois de ter um
papel importante na instabilidade criada em países como a Síria e
Líbia e de ter amiúde desempenhado um papel infeliz noutras regiões
do mundo, designadamente, em África, a Europa é confrontada
novamente com a sua própria incapacidade. Alguns Estados manifestam
a não aceitação desses refugiados, dificultando a sua passagem;
outros manifestam confusão, e outros ainda, em menor número,
parecem dispostos a aceitar aqueles que procuram salvar as suas vidas
e a dos seus, amiúde por motivos que vão para além da dita
solidariedade.
Entretanto,
muitos refugiados nem chegam à Europa. O drama torna-se atroz quando
crianças dão à costa sem vida.
Aqueles
que julgam não ter qualquer responsabilidade nesta atrocidade que
mais uma vez assola a Europa, desenganem-se. Somos responsáveis, os
nossos governos são responsáveis, seja na famigerada cimeira dos
Açores, seja onde for.
A
desumanização invadiu novamente a Europa, os partidos que defendem
a xenofobia têm os seus apoiantes que medram a cada dia que passa e
a Europa, ridícula, chafurda na mais gritante ignomínia. Daqui por
15 dias lá se fará uma cimeira para discutir o que fazer com os
refugiados. Se se tratasse da dívida de um país, a cimeira seria
extraordinária, na hora e com a maior das urgências.
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