O
défice afinal disparou para os 7,2 por cento para o ano de 2014, um
valor a rondar o dobro previsto. A razão? Banco Espírito Santo. A
notícia no mínimo embaraçosa, sobretudo em plena campanha
eleitoral, acabou por ser desvalorizada pelo ainda primeiro-ministro
recordando que a demora na venda do Novo Banco afinal traz vantagens
para o Estado português pela razão dos juros que o país arrecada
com o empréstimo.Mas à semelhança de tudo o resto, a verdade não
é bem aquela proferida pelo ainda primeiro-ministro. Em rigor,
Passos Coelho ter-se-á esquecido de referir um pormenor: o fundo de
resolução paga juros ao tesouro, o que não representa qualquer
ganho para o Estado. Paralelamente o dinheiro em causa corresponde a
uma parcela do empréstimo da troika e o que representa pagamento de
juros por parte do Estado português, o que significa que os
contribuintes ficarão mais de uma década a pagar esse empréstimo.
Assim se percebe que o assunto não merece ser desvalorizado pelos
membros da coligação, antes pelo contrário seria interessante
recordar a forma célere e limpa como se injecta dinheiro em bancos
falidos em oposição à ideia de que não há dinheiro para Estado
Social e salários, procedendo-se a cortes cegos e profundamente
injustos. E se esta não é razão suficiente para colocar a cruzinha
noutro sítio que não o da coligação PàF então não sei o que
será.
As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...
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