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PAF

Se a PAF (Portugal à Frente) vencer as eleições não é prudente descartar um puf! - já que estamos numa de onomatopeias - Puf! à Segurança Social, semi-privatizada; puf à Caixa Geral de Depósitos, ficando assim o país entregue à especulação financeira sem um banco público de que se possa socorrer - quando nos depararmos com a próxima crise financeira, sim, é só mesmo uma questão de tempo, lá virá o tempo de arrependimento. Afinal a CGD até podia dar algum jeito. Até lá assistiremos ao enfraquecimento da CGD - a receita não é nova, como se sabe.
A PAF apresentou o seu programa que não traz novidades e que dá particular ênfase à componente social. Isto depois de 4 anos de acentuado empobrecimento. Os dois pilares da PAF são o crescimento económico, com previsões muito optimistas, e a já referida componente ou desenvolvimento social. Será agora que se vai combater a pobreza e as desigualdades; as mesmas criadas pelos partidos da coligação PSD/CDS. Curioso, no mínimo, patológico, na melhor das hipóteses.
As previsões do PSD/CDS não podiam ser mais optimistas: crescimento médio de 2/3 por cento; défice, já em 2015, inferior a 3 por cento; dívida com redução de 130 para 107 por cento em 2019. Pois, volvidos os quatro anos voltaremos a dizer "puf" a estas previsões.
Para adoçar a boca dos cidadãos, a PAF promete a reposição salarial na função pública em 20 por cento ao ano, a eliminação (gradual) da sobretaxa de IRS, uma redução do IRC para 17 por cento, a par da mágica transformação de Portugal numa das 10 economias mais competitivas do mundo.
Continuando no ridículo e nas meias-verdades tanto do apreço de Passos Coelho, chega-se à conclusão de que afinal é possível reduzir mais as rendas energéticas, isto depois de anos a ouvir o contrário. O que mudou? São as eleições, estúpido.
Continuando no domínio da alucinação, a PAF promete aumentar as exportações em 50 por cento.
Quanto ao problema demográfico, a coligação anuncia um vasto rol de medidas que são, como se sabe, meros paliativos - sem qualidade de vida e um vislumbre de futuro não haverá um incremento na taxa de natalidade que, arrisco dizer, não será suficiente para resolver o problema demográfico. A imigração será um aspecto a relevar no futuro. E o regresso dos portugueses que partiram afigura-se pouco provável.
Quanto à legislação laboral, simplesmente não se percebe a história da "previsibilidade legislativa". Arrisco novamente avançar que esta coligação continuará a degradar e desvalorizar o trabalho.
Finalmente, Segurança Social. Os 600 milhões do referido buraco financeiro avançado pela ministra das Finanças não merece referência no programa da PAF. Todavia, a privatização parcial da Segurança Social não foi esquecida: mais negócios escamoteados por uma pretensa escolha pessoal de cada cidadão; mais dinheiro para os bancos; mais insegurança e instabilidade para boa parte dos cidadãos.

Para concluir, e continuando no domínio da patologia porque jamais sairemos dela, dizer apenas que esta coligação promete melhorar a relação entre contribuinte e Fisco, esqueçam os últimos quatro anos de perseguição, de atropelos, de injustiças. Agora é que é. Se não for, e já que estamos numa de onomatopeias: Puf! Ouch! Aaai!

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