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Neoliberalismo provinciano

Talvez seja esta a melhor forma de descrever aquela espécie de ideologia que está subjacente à acção governativa do Executivo de Passos Coelho - um neoliberalismo provinciano, néscio, medíocre; um cruzamento de ideologia e interesses; a que ideologia abre as portas à satisfação de interesses adjacentes a grupos ligados aos partidos repletos de seres vazios que fazem o papel de lacaios.
Neste sentido, percebe-se a utilidade do neoliberalismo, mesmo provinciano, néscio e medíocre: o reduzido papel do Estado na economia, a redução da despesa pública e consequente redução da qualidade dos serviços públicos aliado ao reforço do privado na economia; as privatizações servem os interesses que movem os partidos da coligação. É perfeito: a coberto de uma ideologia aliada a pretensas imposições externas abriu-se a porta a negócios que os alegados discípulos de Hayek e Friedman aproveitam sem reservas.
Para compor o cenário, os executantes destas políticas, invariavelmente gente medíocre e enfatuada, recorrem a uma retórica gasta e anódina, mas ainda assim eficiente, muito por culpa dos partidos da oposição que ou têm dificuldade em encontrar um discurso contundente ou não podem contar com os holofotes da comunicação social.
Finalmente, a dita comunicação social que serve de plataforma primordial para a difusão profusa do discurso dos neoliberais provincianos tem feito um trabalho exímio, pelo menos no que toca ao tempo de antena e espaço disponível na imprensa escrita para divulgar a mediocridade habitual.

Talvez assim seja possível compreender as alegadas intenções de voto - significativas e algo surpreendentes - nos partidos que compõem a coligação mais medíocre de que existe memória.

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