O
acordo entre Grécia e instituições da troika será pintado, pela
comunicação social portuguesa (e não só), como sendo uma derrota
para a Grécia. Depois de acusações de um Syrisa radical, incapaz
de fazer concessões, mesmo que as mesmas concessões acabem por ser
feitas, o que ficará é uma derrota da Grécia, designadamente, da
escolha democrática dos Gregos: o Syrisa. De um modo geral qualquer
desfecho seria pintado com as cores mais negras, até porque esta
questão grega deve servir de exemplo de tudo o que não se pode
fazer. A Grécia tem de falhar porque o Syrisa e tudo o que este
representa só pode ser apresentado como um falhanço.
Paralelamente,
uma vitória da Grécia - com algumas concessões, mas contendo o
nível de austeridade e ganhando precioso tempo até que existam
algumas mudanças na configuração política na Europa - contraria
tudo aquilo que o Governo português têm nesciamente defendido. A
escassos meses de eleições essa possibilidade não é aceitável.
Existem
diferenças significativas entre a forma como a comunicação social
portuguesa tem olhado para a questão grega, salvo honrosas mas
escassas excepções, e a forma como a comunicação social em boa
parte da Europa tem abordado o assunto. Na verdade, fica-se com a
indelével sensação de que uma parte significativa da comunicação
social portuguesa está a torcer por falhanço grego e, desse modo,
contribuiu para a desinformação e tentativa de manipular a opinião
pública: através opinião genericamente tendenciosa, com recurso a
informação parcelar e fazendo uso da superficialidade no tratamento
deste assunto.
Neste
contexto, é de esperar o anúncio da "derrota" grega e do
"falhanço" retumbante do Syrisa, mesmo que isso não
corresponda totalmente à verdade.
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