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Um ano sem troika

Fez este passado domingo um ano. Exactamente no dia 17 de Maio de 2014 o país "livrava-se" da troika. A propósito da data, os partidos da coligação andam em festa, em larga medida ofuscada por um acontecimento que diz muito mais ao país: o Benfica que se sagrou bi-campeão nacional.
Com uma linha de argumentação simplista, repetitiva e amiúde longe da realidade, resta aos partidos da coligação ameaçarem com o regresso aos piores tempos - o que aconteceria com uma vitória do Partido Socialista - e relembrar aos portugueses que o trabalho foi feito e com isso se conquistou a "soberania" perdida. Isto dito até à exaustão pode funcionar? E se a isto acrescermos a desgraça grega?
Neste contexto faz todo o sentido aos partidos da coligação festejarem a saída da troika, mesmo que esta nunca tenha verdadeiramente abandonado o país; mesmo que o país não tenha recuperado a sua soberania; mesmo que regresso aos mercados seja uma consequência de acontecimentos externos à actuação do governo; mesmo que o país se encontre muito mais pobre, desanimado e sem esperança.

Com resultados de sondagens que não apontam para o descalabro dos partidos da coligação, Passos Coelho e Paulo Portas sentem-se animados e empenhados em repetir as banalidades do costume até à exaustão. Mesmo sem garrafa de champanhe, os partidos da coligação festejam para que os portugueses esqueçam o empenho destes mesmos partidos na chegada da troika; para que os portugueses ignorarem o empenho de Passos Coelho no empobrecimento do país e, sobretudo, para que os cidadãos vejam o seu discernimento toldado pelo medo de uma nova bancarrota. Estas são as armas dos partidos da coligação.

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