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Cenários

As eleições aproximam-se, embora amiúde, não pareça, a julgar pela inexistência de discussão sobre propostas para o futuro do país. A ver vamos se algo muda com a apresentação do programa eleitoral do Partido Socialista, até porque em bom rigor não há muito a esperar dos partidos da coligação que há quatro anos começaram uma legislatura com mentiras, passaram pelo empobrecimento como panaceia para todos os problemas do país e concluem agora com medidas anódinas acompanhadas por promessas de mais algum empobrecimento - numa espécie de "o que tem de ser, tem muita força".
Seja como for, e correndo o risco de fazer futurologia, os cenários pós-eleições são merecedores de algumas linhas. O Partido Socialista dificilmente conseguirá vencer as eleições com maioria absoluta. Os partidos mais à esquerda, sobretudo o PCP, não se mostra disposto a entrar em qualquer coligação, alegando que as diferenças entre os dois partidos são incomensuráveis. E são. Quanto ao Bloco de Esquerda, mesmo que este se mostrasse disposto a fazer parte de uma coligação com o PS, a verdade é que o número de deputados que poderá conseguir eleger pode ser insuficiente. O mesmo se aplica, de forma ainda mais evidente, ao Livre/Tempo de Avançar.
Relativamente à coligação PSD/CDS, no caso improvável de vencerem as eleições legislativas, parece impossível conseguirem uma maioria impossível. Assim sendo, coloca-se um sério problema: a coligação não tem partidos com os quais poderá fazer qualquer espécie de entendimentos. Mesmo que o PDR de Marinho Pinto consiga a eleição de alguns deputados, não é plausível que, primeiro e desde logo, a coligação consiga de facto vencer as eleições, segundo que o PDR (seja lá o que isso for) consiga eleger deputados suficientes para fazer maioria com os partidos da coligação, e terceiro, que o PDR se mostre disponível para esse entendimento com os partidos de direita.

Para tornar os cenários ainda mais intrincados, importa lembrar que o Presidente da República que vai empossar o próximo governo é ainda, e infelizmente, Cavaco Silva.

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