Se
António Costa vencer as próximas eleições legislativas ver-se-á
confrontado com a necessidade de entendimentos à sua esquerda. Isto
por duas razões: primeiro porque dificilmente conseguirá uma
maioria absoluta; em segundo, porque o PS já rejeitou entendimentos
à direita.
Ora,
perante este cenário que contará com um Presidente relutante em dar
posse a governos minoritários, resta ao PS e aos partidos à sua
esquerda entenderem-se e aqui começará outro drama para o país,
desde logo porque a esquerda insiste no hábito da desunião.
Existem
claros entraves a um entendimento entre os partidos mais à esquerda
e o Partido Socialista: a questão da dívida e a forma como Portugal
se posicionará no contexto europeu são óbices a um entendimento.
Os partidos mais à esquerda defendem a reestruturação da dívida e
perdões de dívida que são rejeitados pelo PS; os partidos mais à
esquerda do PS rejeitam o Tratado Orçamental que o PS quer respeitar
e cumprir.
Acordos,
coligações, pactos ou entendimentos mostram-se particularmente
difíceis de alcançar, mas a alternativa não é auspiciosa: um
governo do Partido Socialista minoritário, sem capacidade para
governar, isto se o Presidente aceitar esse governo minoritário.
É
também evidente que existem algumas variáveis desconhecidas: qual
será o resultado eleitoral do PDR de Marinho Pinto e se o mesmo for
relevante qual será o posicionamento político deste partido?
Dir-se-á
que este texto enferma de um grave problema: não equaciona a
possibilidade de uma reeleição da actual maioria. De facto, esse é
um cenário que prefiro não equacionar, a bem da minha sanidade
mental.
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