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O 25 de Abril, a liberdade e a tibieza dos políticos

PSD, CDS e PS entenderam-se na elaboração de uma proposta que visava a criação de uma comissão de visto prévio que seria decisiva para a cobertura jornalística da campanha eleitoral que se avizinha. Trata-se de uma lei de acompanhamento das campanhas eleitorais.
Conceitos como “pluralismo” e “diversidade”, indissociáveis da própria democracia, escapam em absoluto ao entendimento de parte da classe política, o que revela a sua tibieza.
Esta seria a lei da censura e do aviso prévio. Agora diz-se que foi apenas uma proposta, uma sugestão. Na verdade, PSD CDS e PS, em véspera do 25 de Abril, juntam esforços para a elaboração de uma proposta que vai contra tudo aquilo que o 25 de Abril representa.
A referida lei de acompanhamento das campanhas eleitorais acabou posta de lado. A pusilanimidade obrigou os partidos apologistas desta forma de censura a recuarem. Enfim, patético e sintomático da qualidade de alguns representantes políticos.
Todavia, verifica-se ainda a existência de condicionamentos de que a existência de debates exclusivos a membros de partidos com assento parlamentar é apenas um exemplo.
Qualquer forma de condicionamento; qualquer tentativa de enfraquecer a comunicação social deve ser alvo de reflexão e de acção, mesmo em países pouco habituados a esse género de exercícios.

Uma nota final ainda relacionada com a tibieza dos políticos: o discurso de Cavaco Silva, nas comemorações do 25 de Abril, continua a ser incipiente. Felizmente, tratou-se do último discurso de Cavaco Silva, na qualidade de Presidente da República. Reitero: felizmente.

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