Passos
Coelho, o cidadão que não pagou as devidas contribuições à
Segurança Social - de modo atempado e para não dizer mais - quer
agora fazer um contrato fiscal com os portugueses. Se pudéssemos
recusar... como fazer contratos com quem age de má-fé, recorrendo a
formas verdadeiramente autoritárias de lidar com os cidadãos? Como
fazer contratos fiscais com alguém que, na qualidade de cidadão,
deu um péssimo exemplo?
A
legitimidade em política não se esgota na legitimidade conferida
pelo voto. Essa visão exígua da legitimidade tem sido prejudicial
para a própria democracia. De resto, a própria visão exígua da
democracia tem sido prejudicial para todos. Porém, é uma visão que
interessa a quem está no poder, sobretudo àqueles que têm sido
representantes do povo nos últimos anos.
Já
por aqui escrevemos que o ridículo, em Portugal, não faz vítimas,
porque se o fizesse, dificilmente poderíamos contar com
políticos como Passos Coelho - um homem preparado para fazer um
contrato fiscal com os portugueses, um homem que, enquanto cidadão,
não respeitou os princípios básicos da relação entre cidadão e
Estado; um homem que acusou os portugueses de viverem acima das suas
possibilidade e que instaurou uma verdadeira perseguição aos
cidadãos contribuintes. O senhor Passos Coelho esquece, entre muitas
outras coisas, que os contratos pressupõe boa-fé.
Comentários